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#008 :: Induções vs Sugestões Hipnóticas

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Hipnose   |   Indução   |   Sugestão

O apóstolo da autossugestão trabalhando no jardim em sua "clínica" em Nancy.
Fonte: L'Est Républicain | Imagem Original

Transcrição do Episódio

#008 - Induções vs Sugestões Hipnóticas

Publicação 20 Out, 2017

Introdução

Olá amigos, bom dia, boa tarde ou boa noite. Eu sou Samej Spenser e este é mais um episódio do podcast HP News, hipnose ao pé do ouvido; hoje vou falar sobre um assunto extremamente pertinente na hipnose, em detrimento de outro muito divulgado, procurado e até massivamente ensinado nos cursos de final de semana, (e nos vídeos de hipnose dos youtuber’s): o assunto hoje é “Induções Hipnóticas vs. Sugestões Hipnóticas”.

Definição de Indução

Inicio por conferir o significado da palavra “indução”. Digitando a palavra “indução” no Google, o primeiro resultado que se obtém é sua definição básica; e essa definição é:

INDUÇÃO: s.f. 1. Ação, processo ou efeito de induzir. Indução tem sua origem etimológica no latim inductĭó,ōnis, “ação de levar ou trazer, de introduzir, de aplicar sobre, de determinar, etc.”

Segundo o Wikcionário

IN·DU·ÇÃO: s.f. 1. Ato ou efeito de induzir; 2. Levar a outro lugar; 3. [Lógica] Raciocínio cujas premissas têm caráter menos geral que a conclusão.

Logo, é possível afirmar que, num aspecto geral, “a indução hipnótica é o ato de conduzir, induzir, levar o sujeito ao transe hipnótico”.

Existem centenas de induções hipnóticas, e qualquer pessoa pode desenvolver seu próprio método e/ou sua própria indução, tanto a partir do zero, quanto a partir da base de alguma indução preexistente, alterando-a ou melhorando-a.

Após o treino constante e, principalmente, após adquirir determinado nível de confiança e compreensão da “mecânica” do processo de indução hipnótica, torna-se relativamente fácil e desinteressante para algumas pessoas, pois como se diz por aí: “hipnotizar é fácil; o que fazer com o sujeito hipnotizado é o que realmente importa!”.

Nas páginas 98 e 99 do livro “Guia Prático de Hipnose”, de autoria do espanhol Horacio Ruiz, tem um trecho que diz assim:

“(…) Hipnotizar se aprende, é um processo psicológico que não requer qualidades sobre-humanas do hipnotizador. É uma técnica que pertence aos funcionalismos perceptuais motores. Como dirigir um carro ou ligar uma máquina de lavar. Claro que mais delicado, porque vai funcionar com a mente das pessoas. De modo que você pode ser um hipnotizador. A partir de então, terá de ver se consegue ser um bom hipnotizador, como acontece em qualquer atividade ou técnica que se aprende.

Para o conhecimento da hipnose não há atalhos. A natureza não dá saltos. Você precisa caminhar pouco a pouco, aprendendo bem, praticando tudo o que for aprendendo, cometendo erros e corrigindo-os. É uma técnica, não magia.

Qualquer pessoa pode aprender a hipnotizar? Em princípio, a resposta é sim. Hipnotizar é uma técnica como qualquer outra. Para aprender a dirigir, por exemplo, precisamos de preparação teórica e prática. Aprender a hipnotizar requer o mesmo processo teórico e prático. Obviamente, haverá pessoas com mais facilidade que outras. Quase todo mundo pode dirigir um carro, mas nem todos participam de corridas.”

Tendo abordado brevemente o assunto relativo às induções hipnóticas, quero passar agora para a parte das sugestões hipnóticas.

Definições de “Sugestão”

No que trata sobre sugestão, vou partir do início e conferir o significado da palavra segundo alguns dicionários.

Segundo o Dicio — Dicionário Online de Português

SU·GES·TÃO: s.f. Proposta; aquilo que se sugere, se propõe, se aconselha. Inspiração; o que incita a realização de algo. Ideia; o que se dá a entender. Na [Psicologia], é o processo de influência através do qual o indivíduo altera o seu comportamento, muda de opinião, sem estar consciente dessa mudança, sem saber o porquê de sua ocorrência.

Segundo o Dicionário Priberam

SU·GES·TÃO: s.f. 1. Ato ou efeito de sugerir. 2. Estímulo; instigação; inspiração.

Sugestão | Wikipédia

Ainda tratando da etimologia e/ou significado de sugestão, vejamos agora o que diz a Wikipédia:

Sugestão:

No campo da psicologia, a sugestão (do latim suggestione) é a influência que um indivíduo exerce sobre o poder de decisão de um ou mais indivíduos. Quando acontece sob efeito de hipnose, é chamada de sugestão hipnótica.

Sugestão e Hipnose

Mencionada pelo médico James Braid a propósito da hipnose, depois por Ambroise-Auguste Liébeault, a sugestão foi, sobretudo, definida e colocada no centro do processo psicoterápico por Hippolyte Bernheim. Em 1884, Bernheim definiu-a como “ato pelo qual uma ideia é introduzida no cérebro e por ele aceita”. Segundo Bernheim, Joseph Delbœuf e os outros membros da Escola de Nancy (também chamada Escola da Sugestão), é a sugestão que explica a hipnose, e não um fenômeno fisiológico qualquer.

Eles opuseram-se assim a Jean-Martin Charcot e Pierre Janet, da Escola de la Salpêtrière. Nesta polêmica opondo as duas escolas, Janet declarou, em 1889: “não estou disposto a acreditar que a sugestão possa explicar tudo e, particularmente, que ela mesma possa se explicar” .

Porém Janet e Bernheim estavam de acordo com a ideia segundo a qual a sugestionabilidade não era obrigatoriamente ligada à hipnose. Janet escreveu, no seu livro “O automatismo psicológico” , que “a sugestionabilidade podia ser total fora do sonambulismo; e talvez pudesse estar completamente ausente num estado de sonambulismo completo”. Então, Bernheim deduziu, em 1891, que a psicoterapia sugestiva atuava tão bem ou até melhor sem hipnose. Encontramos uma ideia análoga, (ou seja, equivalente, semelhante), em Milton Erickson, para quem a hipnose podia muito bem ocorrer sem ritual hipnótico.

A Wikipédia menciona ainda que o farmacêutico e psicólogo francês, Émile Coué, autor do célebre método conhecido como “Método Coué”, aprendeu as técnicas de sugestão de Liébeault e Bernheim em 1885 [1. Nota].

O "Método Coué"

Coué introduziu um novo método de psicoterapia: o estímulo do self pela autossugestão consciente. Modificou a teoria de Abade Faria, ao propor que a autossugestão flui da mente, mas um primeiro estímulo pessoal a aciona. Ao repetir palavras ou imagens como autossugestão à própria mente subconsciente, a pessoa pode condicioná-la e, então, a mente condicionada produzirá um comando autogênico quando necessário. Seu mantra familiar, “Todos os dias, sob todos os pontos de vista, estou cada vez melhor”, em francês: (Tous les jours à tous points de vue je vais de mieux en mieux), às vezes é conhecido como “coueísmo” ou “Método Coué”. O método depende em parte da repetição rotineira de uma fórmula (princípio da autossugestão), obedecendo a uma espécie de ritual no início do dia (ao despertar) e no final do dia (antes de adormecer).

Coué dizia que nunca curou ninguém, apenas ensinava as pessoas a se curar. Não há dúvida de que tais curas aconteceram de fato — estão bem documentadas — , porém o método Coué praticamente desapareceu desde a sua morte em 1926. É um método simples e todos podem aprender a praticá-lo. Sua essência está no controle mental. Nele, há dois princípios básicos:

  • Só se pode pensar numa coisa de cada vez; e,
  • Quando se concentra num pensamento, esse pensamento torna-se verdade porque o corpo o transforma em ação.

Fonte

Émile Coué | Wikipédia.

Curiosidade

Aí ao fundo você ouve John Lennon, cantando a música “Beautiful Boy” do álbum Double Fantasy de 1980. Nesta letra, Lennon inseriu o mantra de Coué, e você pode ouvir o trecho específico aí ó…

"Every day, in every way, it's getting better and better..."
"Todos os dias, de todas as formas, está ficando cada vez melhor e melhor..."

O Youtube não permite a visualização do Clipe fora de sua plataforma, então confira "clicando aqui".

Sugestão + Hipnose

Já entrando com a hipnose no assunto sugestão de forma mais enfática, ouça o que diz o texto “Sugestão Hipnótica”, no Portal CMC, (vale mencionar que o texto não cita o nome do autor, e o link citado como fonte está quebrado. Link visitado em 07 de Agosto de 2016):

Sugestão Hipnótica

Sugestão é a imposição temporária da vontade de uma pessoa no cérebro de outra (ou no seu próprio) por um processo puramente mental.

Um professor que todos os dias repete os mesmos preceitos e ensinamentos a seus alunos está, em verdade, impondo-lhes suas opiniões. O pai que censura o filho por algum erro está, de algum modo, inculcando novos padrões de conduta na mente do garoto. A mãe que acaricia seu filho tenta por meio desse carinho, acalmar, motivar e equilibrar o emocional da criança.

Na verdade, se observarmos direitinho, tudo isso é sugestão. Tudo nesse mundo é sugestão; nossas próprias ideias não são nossas, são “sugestões” que admitimos e incorporamos à nossa memória como sendo nossas e passam a ser as “nossas verdades”. E nenhuma “hipnose” é necessária para aceitarmos estas sugestões, não é verdade? Elas chegam até nós e tomam a nossa mente com a maior naturalidade.

Outros agentes externos também produzem efeitos sugestivos sobre nós; um livro, um acidente, um filme, os acordes de uma música ou até mesmo um gesto de uma pessoa podem encher nosso espírito das mais diversas impressões, que vão da felicidade à dor. E isso tudo é “sugestão”.

Ninguém contesta também o fato de que o ser humano é, naturalmente, inclinado a obedecer. Afinal de contas, somos eternos aprendizes e, aprendizagem, de certa forma, é uma espécie de obediência, de acatamento, de concordância, mesmo nas circunstâncias contestatórias. Porém, isso não quer dizer que estamos todos condenados a obedecer sistematicamente e que sempre seguiremos as sugestões que nos forem enviadas. Mesmo no estado hipnótico a sugestão não é toda poderosa; ela tem suas limitações positivas.

Assim sendo, podemos dizer que a sugestão hipnótica é uma ordem obedecida por uma pessoa em estado de sono induzido, por alguns segundos; no máximo por alguns minutos. Não pode ser comparada, a não ser vagamente, às sugestões em estado de vigília, comunicadas a indivíduos que nunca estiveram sob influência hipnótica. A sugestão hipnótica pode ser repetida, mas é absolutamente impotente para transformar — como já se afirmou — um criminoso em um homem honesto ou vice-versa.

Napoleão costumava dizer que “a imaginação controla o mundo”. Realmente, se você estiver numa rodinha de amigos e surpreendê-los informando que há uma epidemia de piolhos no bairro, poderá reparar que em poucos minutos todos estarão coçando a cabeça, expressando preocupação.

Assim como um eletrocardiograma acusa os mais finos impulsos elétricos de seu coração, o eletroencefalograma também demonstra os menores impulsos elétricos do seu cérebro. Se alguém se sente realmente ameaçado por um inimigo, surgem então no eletroencefalograma registros que são exatamente iguais aos que se originam quando alguém apenas imagina que está sendo ameaçado. Se alguém tem a certeza que está passando por um grande vexame, as curvas do seu eletroencefalograma se assemelham por completo às que teria apenas com a imaginação viva de estar se tornando alvo do vexame.

Podemos, desta forma, estabelecer alguns princípios fundamentais sobre a ação/reação da imaginação sobre a realidade.

  1. O que determina o nosso modo de agir não é a realidade existente, mas aquilo em que cremos e que, para nós, é a verdade. A pessoa que se sente ameaçada ou perseguida, mesmo que não haja nenhum perigo em torno dela e que nada lhe ameace, vive com medo da sua realidade que, mesmo sem ter relação com a realidade externa, é muito poderosa para ela.

  2. A imaginação é capaz de provocar alterações de toda sorte no organismo de uma pessoa. E, comprovadamente, estas alterações têm correlação qualitativa: pensamentos positivos — fé, amor, esperança, alegria etc. — provocam reações saudáveis na pessoa. Sentimentos negativos — ódio, ressentimento, medo etc. — provocam reações desagradáveis, como por exemplo, dores assintomáticas, prisão de ventre, indisposição estomacal, insônia e, segundo comprovam as pesquisas, também fazem baixar o nível imunológico tornando a pessoa predisposta à infecções de diversos tipos.

  3. Tudo o que pensamos, com clareza e firmeza, transplanta-se, dentro dos limites do bom senso, para a faixa somática. Ao imaginarmos que estamos comendo uma fatia gostosa de abacaxi, não raro as glândulas salivares começam a segregar saliva, já repararam isso? Se imaginarmos, com firmeza, que não podemos fazer uma coisa, por exemplo, soltar as mãos fortemente encaixadas uma na outra, então não poderemos mesmo.

  4. Nosso consciente é constantemente influenciado pelo subconsciente. Desta forma, podemos programar nosso subconsciente para o sucesso da mesma forma como podemos programá-lo para o fracasso.

  5. Quando o intelecto e a imaginação têm pontos de vistas diferentes, vence sempre a imaginação (como definiu Coué). Ela é mais forte que a inteligência. Mesmo sabendo (intelecto) dos riscos estéticos de ficar comendo doces a toda hora, poucos resistem à ideia (imaginação) de provar uma fatia daquele pudim de laranja gostoso que está na geladeira. Assim sendo, nenhuma pessoa inteligente deve fazer tentativas a partir, exclusivamente, da “força de vontade”. Antes disso, ela precisa, necessariamente, reprogramar sua imaginação.

  6. O acesso mais fácil para o subconsciente é o estado de total relaxamento. Quando as ondas cerebrais caem para em torno de oito ciclos por segundo — nível alfa — abrem-se os poros do nosso subconsciente.

Originalmente publicado em:

CamaraBrasileira.com (link quebrado atualmente).
Fonte: Sugestão Hipnótica | Portal CMC.

Opiniões Diversas

Além de trazer esse conteúdo abordando a sugestão hipnótica, também solicitei que algumas pessoas enviassem uma mensagem de voz via Telegram, dizendo a diferença entre indução e sugestão hipnótica.

Fiz a mesma solicitação a todos eles, usei o famoso “Ctrl + C” e “Ctrl + V”, (“Copiar e Colar”). E a solicitação que fiz foi a seguinte:

Olá Fulano, bom dia, boa tarde ou boa noite! Gostaria de lhe pedir um favor, (se puder, claro)… Pode mandar um áudio aqui no Telegram, inbox, me dizendo sua opinião sobre a diferença entre “induções hipnóticas” versus “sugestões hipnóticas”? Um áudio curto, entre 3 e 5 minutos, no máximo. Pretendo utilizar esse áudio num episódio de podcast que farei sozinho sobre esse tema. Desde já, muito grato!

Fui sucinto, sem entrar em detalhes sobre o assunto ou o que pretendia fazer, justamente para evitar contaminar o conteúdo do áudio que receberia de cada um deles.

A seguir, você confere o que cada um deles disse sobre o assunto.


Amílcar Sá Nogueira

Amílcar Sá Nogueira é um Hipnólogo Angolano, residente em Luanda, membro do Grupo HIPNOSE Prática no Telegram e Facebook. Sobre o assunto, ele disse o seguinte:

Então Samej, para mim a maior diferenciação entre a indução hipnótica e a sugestão hipnótica está na especificidade das duas ferramentas, eu entendo que a indução hipnótica e a sugestão hipnótica são duas ferramentas da hipnose, então, como mecânico ou eletromecânico aprendi que a finalidade de uma ferramenta é o que determina a sua especificidade e, na maioria das vezes, o seu nome. Então, a indução hipnótica, qual a sua finalidade? Levar alguém ao transe hipnótico, somente!

Já a sugestão hipnótica é muito mais abrangente, você pode usar ela antes, durante ou depois do estado hipnótico, não precisa criar um estado específico para que se use uma sugestão hipnótica, não existe um estado determinado ou pré-determinado para que se use ou se faça surgir o efeito de uma sugestão hipnótica.

Grande abraço Samej!


André Percia

André Percia mora no Rio de Janeiro; é Master Trainer em PNL, Mastercoach Trainer, Design Human Engineer™, Conferencista Internacional, Psicólogo e Hipnoterapeuta. Sobre o assunto, ele disse o seguinte:

Olá, aqui é o André Percia. Eu penso que existe uma diferença entre Indução e Sugestão Hipnótica, muito embora eu tenha certeza que outros autores vão trazer mapas diferentes sobre o que estas coisas significam.

No meu entender, sugestão hipnótica é uma coisa muito específica são comandos muito específicos que você dá para a pessoa, do tipo: “agora você vai descer uma escada; agora vou contar de 3 a 0 você vai aprofundar esse estado…” Isso é uma sugestão hipnótica.

Uma indução hipnótica é um trabalho que pode ou não ter sugestões, é um trabalho mais amplo é uma experiência que você gera para a pessoa e esta experiência, por ela ser muito mais ampla, ela tem escopo muito maior do que apenas o de dar sugestões e comandos específicos e principalmente quando eu faço um trabalho depois das formações que eu desenvolvi com o Dr. Richard Bandler que usa explicitamente Hipnose com Programação Neurolinguística, ele já foi considerado depois de Milton Erickson, durante um certo tempo, como um dos maiores hipnólogos vivos no mundo, é…

Você pode gerar experiências internas para a pessoa ou abrir portas para que a própria pessoa crie, viva, experimente um monte de coisas que necessariamente não estão sendo sugeridas pontualmente pelo hipnotizador e aí você está conduzindo uma indução que necessariamente não tem sugestões explícitas o tempo todo, então a experiência da pessoa pode ser muito mais rica, muito pessoal, muito íntima e que não tenha que passar necessariamente pelo que está sendo sugerido pelo hipnotizador. É porque ainda é muito forte a influência da hipnose clássica, que é aquela coisa muito estruturada, com sugestões muito específicas e também a influência da hipnose de palco que é toda em cima de sugestões muito pontuais, então nós estamos falando de um processo muito mais aberto, que tem muito mais a ver com que o Milton Erickson começou a sugerir, que o Dr. Richard Bandler começou a desenvolver depois no “Design Human Engineering” e na reparonagement neuro-hipnótica. Então isso que eu penso que é a diferença entre uma coisa e outra, mas eu tenho certeza que existem muitos mapas diferentes sobre isso.


Antônio Azevedo

Antônio Azevedo mora no Rio de Janeiro; é Coach, Palestrante, Master Practitioner e Trainer em PNL — Programação NeuroLinguística, Instrutor e profissional de Recursos Humanos e membro do Grupo HIPNOSE Prática no Telegram e Facebook. Sobre o assunto, ele disse o seguinte:

Boa tarde Samej!
A respeito dessa diferença entre induções hipnóticas e sugestões hipnóticas eu vou falar da minha interpretação. Indução hipnótica é como se fosse uma sugestão hipnótica focalizada na forma, toda a indução hipnótica é no fundo uma sugestão, só que as induções, elas são focalizadas em aprofundar e intensificar um estado de alta atenção de prontidão para atenção, seja que você considere a hipnose é um estado separado ou apenas uma atenção exacerbada emocional e cognitiva. A indução é um procedimento para desenvolver essa atenção, esse estado especial.

A sugestão ela abarca outros formes, ela abarca outros conteúdos, ela trabalha basicamente em obter uma resposta de atitude de comportamento além do próprio transe, então tudo aquilo que você considera que você intensifica desde o presente hipnótico, desde um processo de apenas criar um estado posterior de bem-estar até uma específica psicoterapia usando a hipnose. Hipnoterapia seria um processo de sugestão e na indução, há sugestões específicas, que são utilizadas para chegar ao estado hipnótico por si mesmas.

Como complementar, eu posso dizer que na minha opinião o que as pessoas chamam de indução são as sugestões extremamente rápidas, as chamadas “sugestões instantâneas”. São chamadas de induções ou “induções instantâneas”; é... Toda a comunicação hipnótica, todo e qualquer tipo de comunicação hipnótica, desde um primeiro momento, do primeiro olhar, é sugestão. E de qualquer maneira mesmo a indução é uma sugestão também, mas quando ela tem um objetivo de iniciar e estabelecer o link é chamada de indução, então, eu não vejo assim tanta diferença real, mas tem a ver com o estado, com o momento do processo de hipnose.


Fábio Carvalho

Fábio Carvalho é natural de Jataí, Goiás; morando atualmente em Frisco, no Texas. Formado em Gestão da Tecnologia da Informação, estudioso da Hipnose e PNL — Programação NeuroLinguística, autor dos livros “Como se Fosse” e “Reflexões de um Hipnólogo”, idealizador do Canal do Hipnólogo, apresentador do podcast HypnoCast: o podcast da Hipnose, atual presidente do National Guild of Hypnotists (North Dallas Chapter), ex presidente da Sociedade Brasileira de Hipnologia e membro do Grupo HIPNOSE Prática no Telegram e Facebook. Sobre o assunto, ele disse o seguinte:

Respondendo a tua pergunta, qual que é a minha opinião sobre “a diferença entre induções hipnóticas e sugestões hipnóticas”, eu talvez começaria dizendo o seguinte...

Segundo Randal Churchill, a vasta maioria da literatura, comparando e contrastando uso de sugestões diretas ou indiretas na hipnose, refere-se a estrutura de linguagem e algumas vezes refere-se a tempo, tonalidade, volume da voz, mas nós sabemos na prática que tem muito mais coisas que podem influenciar positiva ou negativamente a usar sugestões verbais ou não-verbais no contexto da Hipnose.

Se buscarmos identificar a diferença entre sugestões e introduções, então poderíamos entrar em uma discussão semântica e até mesmo na tecnicalidade entre sugestões e induções diretas e indiretas. Como podemos encontrar normalmente na literatura, tratando de fazer um apanhado a respeito dessa literatura, mas sem entrar nessa tecnicalidade que eu comentei, eu vou colocar minha opinião.

Eu acho que as chances são predominantemente maiores de conseguimos resultados mais efetivos ao usar sugestões indiretas, ainda que as sugestões diretas sejam as preferidas de muito dos praticantes de hipnose que eu tenho observado. Segundo a definição de dicionário, Indução seria mesmo a ação de induzir, instigar, um raciocínio que vai do particular ao geral, também palpite ou convencimento, aconselhar ou levar alguém a praticar um ato ou aceitar a sua opinião, enquanto sugestão seria uma proposta aquilo que se sugere, se propõe, ideia, mas também se aconselha, uma ação que não vem da atitude do sujeito.

Nesse contexto, então, encontramos a similaridade entre indução e sugestão na ação de aconselhar. Ora, enquanto Induzir seria convencer alguém, a sugestão é mesmo uma proposta apenas. Dentro da Hipnose eu percebo esta distinção pela seguinte maneira… O processo de condução ao estado de hipnose passa por, entre outras coisas, a ação de induzir alguém ou a si mesmo a aceitar a ideia de entrar em um transe hipnótico, relaxar, focar atenção em algo ou alguma coisa, e logo, uma vez induzida, a proposta como forma de preparação para ,por exemplo, um transe hipnótico, vence com a sugestão ou sugestões hipnóticas com o intuito de criar uma proposta ou conselho que sobe estado de hipnose deverá ser absorvido, compreendido e aceitado de forma muito mais facilitada, visto que as faculdades críticas foram minimizadas pela ação da indução ou induções hipnóticas utilizadas. Diferentes procedimentos de indução nós sabemos podem levar um mesmo resultado ou pelo menos compatíveis.

Eu havia iniciado dizendo que há diferentes tipos de sugestões induções, até mencionei que podem ser de forma direta e indireta, verbal e não-verbal, mas uma coisa ainda falta mencionar, hipnose envolve sugestão. Segundo Cardeña & Spiegel, em um trabalho publicado em 1991, eles descrevem um fenômeno hipnótico como sendo composto por três dimensões integradas, sendo uma delas a sugestibilidade, e as outras duas absorção e dissociação. Falando sobre sugestibilidade é normal dentro da literatura encontrar-mos referências as escalas usadas para medir a hipnotizabilidade , afinal das contas essas escalas o que estão tratando de medir, efetivamente, é o nível de sugestibilidade do indivíduo sob hipnose. Hipnose está intrinsecamente conectada com sugestão e sugestão então, seria uma condição sine qua non , ou seja, necessária para criar e medir o fenômeno hipnótico, ou em outras palavras, o transe hipnótico.

Então, temos que induções hipnóticas são comunicações com a intenção de eliciar ou promover o fenômeno ou o estado hipnótico e que precede as intervenções, testes, ou o que nós chamamos de sugestões hipnóticas. Por último temos também na literatura, através de Rhue, Lynn e Kirsch, que em 1993, por exemplo, afirmação de que praticantes de hipnose frequentemente conseguem resultados positivos com a hipnose fazendo uso apenas de sugestões, muitas vezes no contexto terapêutico, sem uso de procedimentos de indução ou induções formais, ou seja, nós aqui temos uma sequência formatada explicada estruturada, onde começamos com indução, para criar o estado, promover o contexto e depois nós vemos que as sugestões entram apenas desde a perspectiva de fazer algo, definir um objetivo, trabalhar o objetivo definido, para que o resultado seja alcançado. Como eu também trouxe a referência da literatura de Rhue, Lynn e Kirsch, metáforas terapêuticas, sugestões terapêuticas também conseguem resultados tão eficientes ou eficazes quanto ao procedimento completo de indução e de sugestão, mas na prática e na essência induções hipnóticas e sugestões hipnóticas são coisas semanticamente distintas, estruturalmente distintas, contextualmente distintas, acontecem de maneira diferente dentro da Hipnose com propósito diferente também.

Eu espero que eu tenha respondido a pergunta de maneira profunda o suficiente para poder trazer luz a respeito deste questionamento.

Nota: Autores citados por Fábio Carvalho

David "Spiegel"
Etzel "Cardeña"
Irving "Kirsch"
Judith W. "Rhue"
Randal Churchill
Steven J. "Lynn"

Julyver Modesto

Julyver Modesto de Araujo mora em São Paulo, é Mestre em Direito do Estado, Capitão¹ da Polícia Militar do Estado de São Paulo (¹atualmente Major), autor de diversos livros e artigos e Professor de Cursos de Pós-graduação; estudante e entusiasta da Programação NeuroLinguística e Hipnose, no campo das relações humanas, inteligência emocional e desenvolvimento pessoal; Practitioner em PNL pela Sociedade Brasileira de PNL, com formação em Hipnose Clássica e Ericksoniana; Hipnoterapeuta, pela Sociedade InterAmericana de Hipnose, e membro do Grupo HIPNOSE Prática no Telegram e Facebook. Sobre o assunto, ele disse o seguinte:

Olá galera da Hipnose! Eu sou Julyver Modesto e meu amigo Samej me pediu para dar uma palavrinha neste podcast sobre a diferença entre indução e sugestão hipnótica, vamos lá…

Pense na hipnose como uma viagem… Quando e como foi a sua viagem mais recente? Quais são as lembranças que você possui dela? Ou então… Quando e como pretende fazer a sua próxima viagem? Quais são os seus pensamentos para a organização e realização do seu passeio? Independente se é algo que já aconteceu ou que vai acontecer, saiba que para o seu cérebro não há diferença substancial as lembranças e a imaginação ocorrem de forma semelhante ativando as mesmas áreas neurológicas; partindo desta comparação, vejamos o que significa indução e a sugestão hipnótica, embora seja possível encontrar essas palavras em alguns dicionários como sinônimos, vale a pena distinguir entre elas, para uma utilização mais adequada dentro do fenômeno hipnótico.

A origem da palavra indução é latim “induction”, que quer dizer a ação de “levar ou trazer”, sua utilização é antiga e remonta aos primeiros filósofos, como uma das formas de raciocínio lógico, ao contrário da dedução que parte do geral para o particular, a indução segue uma ordem inversa, pois a partir de fatos particulares, o observador chega a uma conclusão geral sobre determinado fenômeno. Em outras áreas do conhecimento percebemos que a palavra indução também está relacionada com “condução”, como por exemplo, quando falamos em “indução eletromagnética” na física ou “indução em trabalho de parto” na medicina, ou seja, induzir pode ser compreendido em simples palavras, como percorrer um caminho para chegar a um destino.

Voltando a comparação proposta pense…
Qual é o meio que você prefere viajar? O ônibus carro moto bicicleta avião navio ou a pé? Prefere ir de excursão com guia qualificado ou quer ir sozinho?

Na hipnose podemos chamar isso de indução. É a maneira como você pretende fazer a sua viagem.

As técnicas de indução hipnótica são várias, desde do simples "durma" após uma quebra de padrão, até o relaxamento progressivo que permita diminuir a ansiedade e preparar o hipnotizado para viagem que está realizando. Cada indivíduo tem a sua escolha, a sua predileção, alguns querem o guia qualificado para auxiliar nesta viagem, outros preferem perguntar como se chega e seguir o seu próprio caminho.

E o que é então a sugestão hipnótica?

A palavra sugestão vem do latim “suggestio” e é formada pela junção de "sub" (sob - debaixo) e “gerere” que é levar, podendo ser traduzida como uma ação de construir, de criar algo desde a parte mais baixa. Na psicologia e na história da própria hipnose a palavra sugestão é tida como a ação de “inserir ideias em alguém”, isto é, a influência exercida sobre uma pessoa para que ela haja de uma determinada maneira.

No exemplo da viagem… Quais são os lugares que você visitou ou pretende visitar? Quais pontos turísticos, marcos históricos, quais os restaurantes e os hotéis que você escolheu? Qual é o seu roteiro de viagem?

Agora pare e a avalie como chegou nestas escolhas, alguém provavelmente ele deu dicas e sugestões ou então você leu a respeito, pesquisou e ficou interessado nesses locais… Correto? Ou será que elas foram por acaso? Até que ponto aquilo que pareceu ser casual não foi influenciado por inspirações inconscientes! Porque é que os turistas em Paris visitam a torre Eiffel, os do Rio de Janeiro o Cristo Redentor, os da Bahia o Pelourinho, os do Egito as pirâmides de Gizé, e assim por diante? Perceba que nem sempre é possível definir como chegamos as nossas decisões e quais foram as sugestões que nos direcionaram, assim é a sugestão hipnótica, durante a viagem, que é o transe, o hipnotizado recebe algumas ideias, que passando ao largo do senso crítico são recebidas como algo a ser feito, desde que, congruente com o seu sistema de crenças e que não exponha o seu organismo em risco, já que primitivamente o cérebro estará pronto para lhe garantir a sobrevivência e rejeitar as sugestões que pareçam ofensivas ou perigosas.

Na hipnose podemos sugerir ao indivíduo que coma uma cebola imaginando que é uma maçã, ou podemos sugerir que ele consiga superar um trauma que o acompanha há muito tempo, em um ou outro exemplo o efeito ocorrerá internamente, como se a ideia tivesse surgido naturalmente e não implantada por outra pessoa, da mesma forma que escolhemos, aparentemente ao acaso, visitar o ponto turístico de uma cidade ou então consumirmos um determinado produto sem a noção do quanto fomos antecipadamente bombardeados por propagandas que nos induziram a tal escolha.

De uma forma bem simples é isso, indução hipnótica é “como” chegar ao transe, enquanto que sugestão hipnótica é “o que fazer”, seja durante ou depois da Hipnose.

Agradeço a sua atenção e espero que você tenha gostado desse nosso bate-papo e agradeço a oportunidade ao amigo Samej Spenser.

Um grande abraço a todos e até a próxima!


Lauro Pontes

Lauro Pontes mora no Rio de Janeiro; Psicólogo, Mestre em Psicologia, Doutor em Psicologia, Membro do Conselho de Ética do CRP/RJ, Hipnoterapeuta e membro do Grupo HIPNOSE Prática no Telegram e Facebook. Sobre o assunto, ele disse o seguinte:

Meu amigo Samej… Grande amigo, obrigado pelo convite.
Respondendo a tua pergunta, sobre a diferença e as situações de indução e sugestão, acho que os nomes por si só já deveriam se explicar, né, porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, não obstante poderiam não ser misturadas no início com um bom terapeuta, mas a indução como o nome diz, induz, ao quadro hipnótico, ao transe hipnótico, então é a maneira, o veículo, é como você chega até o transe e a sugestão é aquilo que você quer dar para a pessoa para fazer as alterações necessárias, para enfim, fazer o objetivo do transe em si, e todo transe tem que ter o objetivo bem definido. Então eu acho que a coisa é muito simples na verdade, essa é a diferença, um bom terapeuta como eu disse no início, talvez consiga durante a indução já enfiar algumas sugestões, ou pelo menos umas pré-sugestões, alguns gatilhos, etc, para serem usados durante o transe estabelecido, mas basicamente eu acho que é por aí.

Espero que eu tenha ajudado, a minha percepção é essa e qualquer dúvida estamos aí sempre para te ajudar no que for preciso.

Valeu, um grande abraço meu amigo, tchau, tchau!



CONCLUSÃO

Essas foram as respostas que obtive à solicitação feita, e penso que tenham sido bem claras, sucintas e objetivas sobre o assunto.
E você ouvinte, o que tem a dizer sobre o assunto? Ficou com alguma dúvida? Gostaria de acrescentar algo? Assim que possível, passe lá na página deste episódio no Medium e deixe seu comentário. Será um enorme prazer interagir contigo por lá também.

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Créditos

  • Apresentação | Edição | Produção:
    Samej Spenser

  • Áudio - Claudia Feitosa-Santana:
    Fonte: Canal "Casa do Saber" no YouTube;
    Título: “Educação e Equilíbrio Emocional Segundo a Neurociência”.

  • Imagem de Capa:
    Photo by MI PHAM on Unsplash.

  • Trilha Sonora:
    • “Reflections” by MK2 on YouTube Audio Library;
    • “Eine kleine Nachtmusik: Allegro” by Wolfgang Amadeus Mozart — Performer: Vienna Mozart Ensemble, Herber Kraus; Música
    • “Signora Delle Bende” by Madì — Composer on Jamendo.

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